Desc: Ermione: Dirigido por Humphrey Burton. Com Anna Caterina Antonacci, Diana Montague, Jorge Lopez-Yanez, Bruce Ford. O processo de escrita dos versos de Ermione foi confiado ao prolífico libretista Andrea Leone Tottola, conhecido também pelo trabalho que realizou com Donizetti, Bellini, Pacini e Mercadante. O tema foi retirado da tragédia Andrómaca (1667), de Jean-Baptiste Racine, por sua vez baseada na obra-prima de Eurípides. Ermione foi apresentada pela primeira vez no Teatro San Carlo, em Nápoles, em 27 de março de 1819, com um elenco de qualidade. Quando encenado pela primeira vez, Ermione não teve muito sucesso porque provavelmente Rossini se afastou muito do gosto do público italiano da época. Ermione foi completamente esquecido até 1977, quando foi revivido em forma de concerto em Siena. Em Ermione Rossini afasta-se de algumas características estilísticas do belcanto e lança as bases para algumas das obras-primas da sua maturidade: há claramente mais continuidade entre as várias peças fechadas, a função do coro é reforçada, árias de três partes são substituídas por duas partes, e podemos encontrar uma expressão vocal mais vigorosa, bem como um uso generoso de recitativos declamados. Ermione é sem dúvida a grande protagonista desta ópera, especialmente no segundo ato onde ela realmente se eleva sobre os demais personagens. Rossini confia-lhe uma cena magnífica em quatro seções pontuadas por passagens recitativas, durante as quais ela pode expressar as emoções mais contrastantes, da raiva feroz ao amor comovente. Esta imensa coleção de novidades e toques experimentais faz de Ermione uma ópera extremamente interessante; podemos afirmar que o Ermione de Rossini é um dos personagens mais bem desenhados de todas as óperas do século XIX.